Betty em NY

06/11/2019

Recentemente a Netflix colocou em seu catálogo a série Betty em NY, que nada mais é do que uma releitura da clássica novela Betty, a Feia

A série, obviamente, se passa em Nova Iorque e foi produzida pelo canal Telemundo, esse que é um canal dos Estados Unidos com programação especial para pessoas latinas que moram no país. 

O novo remake me viciou rápido, primeiramente porque é um clichê ambulante e depois porque faz 10 anos que não houve uma releitura desse clássico. No Brasil, somente a Record produziu a sua versão em 2009, chamada Bela, a Feia. Uma outra versão foi transmitida em 2006 pela Televisa com o nome de A Feia Mais Bela e a primeira de todas ocorreu em 1999 produzida por Fernando Gaitán para a RCN Televisión com o nome de Betty, a Feia. Todas as três séries/novelas citadas são aquelas que foram exibidas no Brasil, existem outras versões que não foram lançadas no país.

MUDANÇAS

O que me impressiona é a mudança de conceitos, se compararmos até com a mais recente releitura de 10 anos atrás. Começando pelos personagens principais, essa Beatriz Rincon (Elyfer Torres) definitivamente não é como as outras Betty's. A atriz que dá vida a feia é mais desajeitada e sem estilo do que propriamente sem beleza, diferente das outras atrizes que se caracterizavam para atingir a aparência perfeita esperada para a protagonista. A escolha da atriz se deve a mudança dos padrões de beleza que evoluíram. Porém, ainda é possível ver a fragilidade, inocência e preconceito com a aparência e as roupas de Betty.

Quando acontece a sua transformação não me surpreendi como nas anteriores. A mudança dessa Betty é mais do que a aparência, é empoderamento feminino, autoestima, vaidade e saber valorizar o que se tem de melhor. A atriz não alisou o cabelo, não exagerou na maquiagem e nem precisou mudar radicalmente. Com apenas uma pitada de vaidade misturada com confiança e um novo guarda roupa, essa mudança já mostra um fator diferente na série.

A transformação de Betty é de dentro para fora
A transformação de Betty é de dentro para fora

Armando (Erick Elías) e Ricardo (Aaron Díaz) são dois playboys e assim acontece durante boa parte da história, similar a primeira versão. Armando muda quando percebe a sua paixão pela sua assistente. De playboy a um cara sério e apaixonado. A atuação de Erick Elías me parece mais convincente tornando o romance e a mudança bem mais crível. Ricardo é o personagem que não cansa de surpreender mas é o típico homem que abusa do mundo da moda para se promover com as mulheres de um modo bem atual e um tanto quanto machista mas ao modo que ainda existe nesse ano. Marcela (Sabrina Seara) a então noiva de Armando é uma mulher rica, ciumenta e insegura quando se trata do noivo, mas tem muita personalidade e luta pelo o que quer assumindo muito bem o seu posto na empresa de moda V&M, deixando bem claro que é uma mulher moderna e empoderada.

Até o chamado grupo "Chicas do Pelotão" é mais atualizado, o grupo de fofoqueiras que trabalha na empresa de moda não segue o padrão de beleza estipulado pela sociedade mas não deixam de ter personalidade. Bertha (Sheyla Tadeo) a mais fofoqueira, gordinha, baixinha e com vício em comida mas mesmo assim não leva desaforo para casa. Sofía (Amaranta Ruiz) é mãe de dois filhos, usa dois óculos ao mesmo tempo e seu espírito de "mãe leoa" alcança também suas amigas a quem ela sempre protege. Sandra (Valeria Vera) é lutadora de boxe, tem cabelo curto e é um pouco mal encarada mas tem um grande coração. Mariana (Jeimy Osorio) tem um estilo próprio e é muito ligada aos astros. Aura María (Daniela Tapia) é a que mais se encaixa no padrão de beleza da V&M, além disso, é mãe solteira e já teve muitos problemas na vida. E por último, a fiel escudeira do estilista Hugo (Héctor Suárez Gomís), Inés (Isabel Moreno), ela é a mãe do grupo, uma mulher de idade avançada que está trabalhando firme e forte mesmo com todos querendo aposentá-la.

ATUALIDADE

O fato de se passar no ano de 2019 já traz mudanças de comportamento, cenário e também das relações. Até o icônico diário da Betty é digital. Roupas, computadores, celulares e o modo de falar dão todo um toque de modernidade para a história.

Como tudo gira em torno de uma empresa de moda de Manhattan, a V&M, vemos muitas modelos participarem da série mas depois de um certo momento quem vira modelo são mulheres comuns. O que seria algo impensável anos atrás mas se torna possível pela transformação dos costumes e conceitos atuais. 

A série é bem dirigida, se passa em uma cidade maravilhosa e também tem um lado cômico muito bom e leve. Alguns enredos que fazem você pensar, não de uma forma dramática, mas sim com indiretas, piadas, comentários engraçados e algumas referências. 

Para quem gosta da história de Betty e quer assistir essa nova versão, veja de cabeça aberta e lembrando que a série se passa em um tempo diferente onde as concepções mudaram e a cultura da beleza também. Sendo assim, Betty em Nova Iorque muda de patamar a clássica história e faz você pensar na evolução conforme o passar dos anos. 

Última dica, vejam pelo menos uma vez a abertura, não usem aquele lindo botão que pular a abertura porque essa vale a pena! É super alegre, a música é contagiante e as cenas são engraçadas. Betty em Nova Iorque é uma série de 123 episódios disponível somente em espanhol mas possui legendas em português.

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